“Sou
poeta da canção e embarco nesse sonho encantado”
(por Fábio Glinardello)
“Legal pra caramba!”- É
assim que ele começa a transmissão do programa “Cidade do Samba”, que vai ao ar
aos sábados pela rádio Manchete AM 760. João Estevam Tavares Amaral, 49,
jornalista e compositor, autor de dois sambas de enredo na Imperatriz
Leopoldinense nos anos de 1995 e 1999. Em 95 com o enredo “Mais vale um jegue
que me carregue, que um camelo que me derrube... lá no Ceará” e em 99, com “Brasil
mostra a sua cara em... Theatrum Rerum Naturalium Brasiliae”, que consequentemente
renderam a escola de Ramos dois campeonatos.
Indagado sobre a emoção
de ver sua escola de samba desfilar no maior espetáculo da terra com um samba
de sua autoria e vê-la ganhar, João Estevam é enfático: “É uma experiência
fantástica! É a certeza que você está eternizado na história do carnaval e na
história de sua comunidade.” E no caso do João, é uma relação muito apaixonada
com a comunidade de Ramos, e em especial, com a Imperatriz Leopoldinense, que
como ele mesmo diz, é a sua casa.
Comunicador há 30 anos,
com passagens pelas rádios Continental, Metropolitana, Carioca, Tropical,
107FM, Roquete Pinto e pela TV Rio, João Estevam também atuou como repórter
policial no Programa Patrulha da Cidade da Rádio Tupi. Mas a sua bandeira, ou
sua missão, como ele costuma dizer, é colaborar com a arte, a cultura, o
desenvolvimento e a beleza do samba e do carnaval como um todo. Inclusive, algo
que ilustra bem essa afirmação do João Estevam, foi a participação dele como
diretor de carnaval da União da Ilha do Governador em 2007.
Sobre o programa
“Cidade do Samba”, no ar pela rádio Manchete há 7 anos, ele se diz muito feliz
e satisfeito em levar informação e alegria aos que o acompanham pelas ondas da
760 AM, e sente muito orgulho da equipe que o assessora. “Durante muitos anos
procurei um produtor, pois sempre tive muitas dificuldades em ter um bom
profissional do meu lado. Foi quando a Patrícia começou a me acompanhar e aos
poucos ela foi conhecendo e dominando o assunto. E hoje através de sua
competência ela é a minha produtora”. Patrícia é Patrícia Amaral, esposa de
João Estevam, produtora do programa “Cidade do Samba”.
Mas não é só a esposa de
João que participa ativamente do programa, suas filhas Anna Carolina e Anna
Beatriz, também colaboram na produção e na divulgação de notícias. Estevam
considera a participação de sua família no programa algo maravilhoso; “Anna
Carolina vai fazer 16 anos e já está se preparando para o vestibular em
Comunicação Social, visando o jornalismo”. Diz o comunicador orgulhoso em ver o
legado de jornalista sendo seguido por sua primogênita. Sobre a caçulinha Anna
Beatriz, João diz que ela é “divina, mas hoje ela diz que quer ser atriz, mas
se ela mudar de ideia não será nenhuma novidade para mim, já que desde os dois
aninhos ela já estava indo aos programas e falando nos microfones das emissoras
que passei”. Explica o pai João Estevam.
Além da participação de
sua família, João destaca dois nomes que ele considera importantíssimos não só
para o programa “Cidade do Samba”, mas também para sua vida pessoal. “Agradeço
a Deus por ter colocado em meu caminho a família Barbieri. Tanto o Ricardo,
quanto o Ricardinho Barbieri, são pessoas que além da seriedade e conhecimento do
que dizem e acreditam, eles agregam valores em diversos sentidos, tanto no
rádio, como na minha vida particular, e o Ricardo também é meu parceiro de
composição e disputas de samba”.
E justamente sobre este
tema; disputa de samba, João Estevam dá a sua opinião sobre o modelo adotado
atualmente por todas as agremiações, que é o espetáculo pirotécnico e o
“aluguel” de torcidas. “Não me agrada a forma como as coisas vêm acontecendo.
Isso alija da disputa pessoas sem poder aquisitivo e transforma a festa de uma
comunidade num confronto de dinheiro. Acho que hoje, em função de toda a
receita que as escolas recebem, essa forma de disputa é desnecessária para as
escolas. Sou a favor de uma disputa de samba com alas fechadas e
democraticamente limpas e participativas, sem demagogia”. Afirma João Estevam.
O jornalista diz também
que gostaria que surgissem bons comunicadores de carnaval, coisa que ele não
tem visto acontecer. Atualmente João Estevam está abrindo o microfone do
programa “Cidade do Samba” para Ives Oliveira, um adolescente de 16 anos que
gosta muito de carnaval e estuda os bastidores para melhor entender o assunto.
“Torço para que ele continue nessa busca, pois dessa forma teremos mais um para
levantar a bandeira do samba”. Diz o jornalista.
Questionado sobre sua
participação na disputa de samba da Imperatriz Leopoldinense para 2015, João é
comedido e diz que têm alguns projetos que podem tirá-lo da disputa de samba,
mas não está oficialmente confirmado. Mas o comunicador diz que se acaso não
estiver participando da disputa de samba, ele estará por perto.
Quando perguntado se
guarda alguma mágoa ao longo dessa jornada no mundo do samba, João é
categórico: “Guardar mágoa é muito ruim! Faz mal pra nós mesmos! Claro
que na vida de todos acontecem coisas que nos chateiam, decepcionam e nos
entristecem. Mas acredito que Deus já me deu tanta coisa boa que não vejo
motivo para ficar magoado com coisas que também serviram para meu aprimoramento
como comunicador, compositor, e acima de tudo, como homem”.
E assim conhecemos um
pouquinho mais do trabalho deste jornalista, compositor, pai, e, sobretudo,
grande ser humano, que sem dúvida contribuiu, contribui e contribuirá ainda
mais para o mundo do samba.